Um livro … a quatro mãos.
Três novelas curtas, deliciosas e cheias de humor e suspense, de dois dos autores mais populares e reconhecidos da ficção em língua portuguesa.
O Terrorista Elegante e Outras Histórias reúne três novelas escritas a quatro mãos pelos dois amigos com base em peças de teatro encomendadas por grupos de teatro portugueses.
“As três novelas que constituem este livro têm por base peças de teatro escritas em conjunto pelos autores em tempos diferentes. O primeiro conto, “O terrorista elegante”, resultou de uma encomenda do grupo de treatro A Barraca, de Lisboa. Os dois últimos, “Chovem amores na rua do matador” e “A caixa preta” , foram escritos como resposta a convites do Trigo Limpo – Teatro ACERT, de Tondela, Portugal.
Escrevemos “Chovem amores na rua do matador” e “A caixa preta” trocando mensagens, a partir de cidades diferentes, um acrescentando o texto do outro. “ O terrorista elegante” foi quase inteiramente escrito em Boane, Moçambique, num jardim imenso, à sombra de um alpendre de colmo. Ali passámos dias, sentados à mesma mesa, cada um diante de um computador, rindo, brincando e apostando na negação da ideia de que a criação literária é sempre um ato profundamente solitário.”
José Eduardo Agualusa e Mia Couto (2019)
in O Terrorista Elegante.(2019). Quetzal Editores
José Eduardo Agualusa nasceu na cidade do Huambo, em Angola, a 13 de dezembro de 1960. Estudou Agronomia e Silvicultura. Viveu em Lisboa, Luanda, Rio de Janeiro e Berlim. É romancista, contista, cronista e autor de literatura infantil. Os seus romances têm sido distinguidos com os mais prestigiados prémios nacionais e estrangeiros, como o Independent ou o IMPSC Dublin, tendo sido finalista do Booker.
Mia Couto nasceu na cidade da Beira, em 1955, e tem formação em Biologia. Entre outros, recebeu o Prémio Camões em 2013, o União Latina em 2007, o Vergílio Ferreira em 1999, ou o Neustadt em 2014 – e é autor de livros tão marcantes como Terra Sonâmbula, O Último Voo do Flamingo ou Vozes Anoitecidas.
“Poucas pessoas na Polícia judiciária sabem o nome de batismo do comissário Laranjeiro. Lara sabe: Lourenço.
- O teu problema – disse-lhe Lara uma vez – é que te transformaste inteiramente no comissário Laranjeira.
Devias tentar ser Lourenço mais vezes.
Naquela época, o comissário Laranjeira ainda conseguia ser Lourenço algumas vezes – pelo menos com ela. Depois perdeu a prática. Tinha cinquenta anos e uma barba de três dias, muito branca, que contrastava como o cabelo inteiramente negro. Os inimigos (que eram muitos) insinuavam que ele pintava o cabelo. O comissário remexeu os papeis na escrivaninha. A sua vida estava um caos. Lara, em pé, não escondia a impaciência.
- Despacha-te. Esperam-me no serviço. Se fico muito tempo, vão pensar que me sequestraste…
- Não me importaria…”
in O Terrorista Elegante (2019)
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