"A Rota da Porcelana" de Edmund de Waal
“Estou na China. Estou a tentar atravessar uma rua em Jingdezhen, na província de Jianxi, a capital da porcelana, a mítica Ur onde tudo começa; chaminés de fornos que trabalham toda a noite, a cidade “ como uma fornalha com muitos respiradouros de chamas”, fábricas para a corte imperial, o norte na prega das montanhas para onde aponta a minha bússola. É o sítio para onde os imperadores mandavam emissários com encomendas para o meu palácio-tanques de porcelana para carpas, incrivelmente altos, taças de pé para rituais, dezenas de milhares de peças para o serviço da sua casa. (…) É a cidade dos segredos, mil anos de saberes, cinquenta gerações a escavar, a limpar e a combinar terra branca, a fazer e a estudar porcelana, cidade de oficinas, oleiros, vidradores, decoradores, mercadores, falsários e espiões. (…)
Não tenho mapas. Tenho as minhas fotocópias agrafadas das cartas do Père d’ Entrecolles, o padre jesuíta francês que aqui viveu há trezentos anos e deixou descrições vividas de como era feita a porcelana. Trouxe as cartas a pensar que ele me poderia servir de guia. Agora parece-me um gesto um tanto afetado e nada prático.”
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